
Acho que para cada pessoa existe algo que a fascina mais do que tudo em sua vida. Se não o é, pelo menos pra mim isso é verdade. Parei para pensar sobre isso essa semana, pois aconteceu algo simples mais extraordinário comigo. No campus da UFRN em Natal estava ocorrendo a 62º Reunião Anual da SBPC (Semana Brasileira para o Progresso da Ciência), eu estava participando como monitor no evento e em um momento de folga fui visitar o parque da ciência. Lá estava muito animado, crianças pra lá e pra cá, atrações muito legais. Foi então que eu o vi, e fui logo à sua direção. Eu só tinha entrado num daqueles quando tinha sete anos, mas aquilo deixou marcas, marcas que eu só vim entender naquele momento que existiam. Fiquei eufórico, me dirigi rapidamente à entrada mas fui barrado. Tinham realizado a última visita há poucos minutos, já iam fechar, então comecei a argumentar de todas as formas, falei o que estava sentindo. O cara foi linha dura, mas insisti tanto que me deixou entrar. Um planetário inflável. Um tipo de barraca inflável com luzes no teto. Algo bastante simples, impressões bastante fortes. Fiquei lá um bom tempo, na verdade, ate ser "convidado a se retirar". Lá dentro consegui reviver por alguns instantes aquele dia de quando tinha sete anos. Sensação maravilhosa, eu pequenino deitado no chão visualizando todas aquelas constelações, estrelas. Pronto, foi ai que começou, e só fez crescer mais esse fascínio. Lembro-me muito bem de quando tinha dez anos e numa noite de lua nova, Orion se erguia imponente acima do zênite. Escalei o pé de eucalipto, alcancei as telhas da minha casa e fui me arrastando ate a caixa d'agua. Lá era perfeito, parecia ter sido projetada para mim. Passei a noite a observar as estrelas, foi mágico. Apartir daquele dia, ali se tornou um lugar especial para mim, era minha fortaleza da solidão. As pessoas não costumam olhar para o alto e assim nunca notavam minha indiferente presença. Ate hoje subo lá, apesar de estar ficando cada vez mais difícil, pois já fazem oito anos, cresci um bocado.
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Estudei três anos em um internato na Bahia e foram três anos maravilhosos aqueles. Muita brothesia, aventuras, amores, resenhas, idéias. Dentro do residencial onde morávamos tinha um campinho, palmeiras titânicas e um gramadinho, lembro-me de quando comprei um binóculo de observação astronômica e sempre nos fins de semana deitava-me na grama e ficava a observar o céu. Sempre apareciam os brothers. Eram madrugadas regadas a muita resenha, violão, idéias. Deixávamos a imaginação rolar, os pensamentos livres, deixávamos o universo nos absorver.
Esse com certeza é meu maior fascínio. Dizem que fascínio é sinal de estar apaixonado, se isso é verdade posso dizer que sou apaixonado pelo céu.
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