sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Via Láctea: Um espetáculo na Austrália

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O Bruxo de Siracusa

            – Tio Ray conta uma história pra eu ir dormir.
Ray se virou e acendeu a luz do quarto. – Claro Carl – sua voz tinha um timbre imponente e ao mesmo tempo suave – Que tipo de história você quer ouvir? – o menino respondeu como se estivesse esperando a pergunta – Sobre magia tio Ray. O senhor sabe a história de Hally Gotter, o menino bruxo? Ray o fitou por algum tempo e respondeu finalmente. – Então você quer ouvir sobre magia não é Carl? – a pergunta parecia uma apreensão. – Não tio Ray sabe o que é, é que meus amigos, eles falam muitas histórias de Hally Gotter, dos filmes que eles assistiram. – Não, tudo bem Carl, não a nada de errado com Hally Gotter, é uma boa história, mas vou te contar algo que seus amigos não sabem – ele sussurrou – Uma história de magia verdadeira.
 – Todo mundo sabe que magia não existe tio Ray – respondeu com uma risada. – Não Carl, eu vou falar pra você da verdadeira magia, não a de Hally Gotter, Hally Gotter é historinha pra boi dormir – deu uma pausa – Vou falar pra você da história de um bruxo de verdade. O bruxo de Siracusa. Você quer ouvir a história? – Quero! – respondeu rapidamente. Ray sentou-se ao seu lado, e com os olhos fechados inspirou como se o ar lhe trouxe-se a história. – Então vamos começar...
 Existiu há muito tempo atrás, num lugar bem distante daqui uma cidade chamada Siracusa. Naquela época, não existia armas de fogo, as batalhas eram travadas com espadas, arcos, lanças e coisas desse tipo. Ela ficava de frente para o mar mediterrâneo, e como a maioria das cidades da época, era super fortificada. Muitas da batalhas que ocorriam naquele tempo eram decididas no mar. Naquele tempo não havia avião nem nada parecido, e o mar era o meio de transporte mais rápido em se tratando de guerras. Siracusa também fora projetada pra esperar por tudo isso.
Siracusa era uma das pouquíssimas cidades que vivia em liberdade, quase todas as outras haviam sido conquistadas por Roma. As tropas e fragatas romanas eram o que havia de maior e melhor naquele tempo. Porem nunca conseguiam vencer Siracusa. De um ponto de vista geral, ela não tinha nada a mais que outra cidade de sua época. Uma localização favorecida? Não, na verdade estar perto do mar trazia tantos benefícios como pontos fracos. Ficava muito vulnerável ao sitiamento por exemplo. Mas a cidade tinha um homem. Seu nome fazia os romanos se benzerem de medo. Ele era o bruxo de Siracusa.
Como eu disse, ela não tinha nada de especial como cidade, mas tinha um homem, o bruxo. Seus conhecimentos sobre magia, a verdadeira magia, faziam toda a diferença. Certa vez varias fragatas romanas vieram atacar Siracusa, foi então que o bruxo fez com que as velas das fragatas romanas pegassem fogo, sem sair da cidade, só usando a verdadeira magia, o conhecimento. O que aconteceu foi que ele usou o principio de reflexão do espelho e usou o calor do sol para incendiar as velas romanas. Os romanos, claro, sem entender coisíssima nenhuma, ficaram temerosos, buscavam respostas nas suas crendices e superstições, criaram-se então mitos e lendas sobre o bruxo, enquanto este usou apenas a verdadeira magia, o conhecimento.
– Então quer dizer que os romanos desistiram? – perguntou num tom cadenciado. – Não, os romanos não teriam dominado o mundo antigo se desistissem assim facilmente. Mas sempre que vinham para um combate, o bruxo tinha um de seus truques preparados para eles, e vez por outra foram derrotados, ate que...
– Mas esse bruxo não tinha nome não? – Perguntou com um olhar de desconfiança.
– Sim tinha. Seu nome era Arquimedes. Arquimedes de Siracusa.
– Há. Já ouvi este nome.
– Provavelmente. Arquimedes foi um grande mestre da magia matemática, e da engenharia. Suas descobertas e idéias são usadas amplamente ate hoje. É dele a frase “Dê-me uma alavanca e moverei o mundo” – falou com uma voz comicamente grossa e deu uma gargalhada.
– E ai gostou da história?
– E já acabou. O que aconteceu depois. Não me vem com viveram felizes para sempre.
– É você ta certo. Eu tava te poupando do final, que seria cômico se não fosse trágico...
Siracusa resistiu por muito tempo, viveu em liberdade por muitos anos. Mas nada dura para sempre. Não se sabe ao certo, mas estudiosos acham ter existido um traidor que informou alguns pontos fracos da cidade. Roma montou cerco e quando a fome apertou e eles não tinham mais o que fazer, se entregaram. É nesse final que entra a parte cômica e ao mesmo tempo trágica da historia. O comandante das tropas romanas deu ordens explicitas para encontrar Arquimedes e trazê-lo vivo, pois via o poder do conhecimento deste homem. Arquimedes, já sexagenário estava na praia fazendo uns círculos na areia. Um soldado romano sem saber que se dirigia ao grande bruxo, pediu para que ele o reverenciasse. Arquimedes estava tão absorto em seus pensamentos que nem notou a presença do soldado. Ele bruto como era, decapitou Arquimedes ali mesmo.
Existe ate uma mulher que se interessou pela magia ao ouvir a história da morte de Arquimedes. Ela ficou se perguntando: Como algo é tão fascinante aponto de deixar um homem absorto a este ponto?! Mas esta história fica pra outra noite, se assim você desejar.
– Claro que sim tio Ray.
– Então vá dormir que já esta tarde. Boa noite e procure aprender a verdadeira magia.
– Ta certo tio. Boa noite.
Fechou a porta e foi para a sala assistir TV. Sua mulher estava sentada como se o estivesse esperando.
– Conversaram bastante em amor. – sua mulher perguntou num ar de curiosa.
– Querida você nem imagina. Esse menino ainda vai ser um grande bruxo! – falou orgulhoso.
Ficou sem entender nada.

A Ambrosia dos Homens

Nos mais altos céus eles festejavam, vez ou outra se metiam entre os humanos, interferindo com seus poderes no destino dos povos, os manipulando, dissuadindo, seduzindo. Eles eram os olimpianos, as forças do cosmo personificadas. Ao contrario dos homens que bebiam e comiam da morte, se alimentavam do néctar da imortalidade, a Ambrosia, tão cobiçada pelos humanos. Hoje os olimpianos não passam de mito, mas o desejo pela Ambrosia continua bem vivo.
Todos os dias milhões de humanos, animais e plantas nascem e morrem, morte e vida se entrelaçam, mas longe de ser um fim, a morte é apenas uma etapa. Olhe para você, de que você é feito. Ora somos em muito o que comemos, e tudo o que se come vem da terra, a mesma terra em que um dia você será decomposto. Você é formado pelo que um dia foi outro humano, um animal. Banha-se com a mesma água que um dia dinossauros se banharam pois a água é reciclada através de seu ciclo. A morte semeando a vida.
Nosso universo é regido por leis, descobrilas e entendelas é entender o universo, nos entendermos. As leis da termodinâmica determinam a vida e a morte como conhecemos, dos pequenos homens as grandes estrelas. Assim como nos, um dia o sol morrera, quando o combustível solar, estiver perto de acabar, o sol crescerá exorbitantemente chegando a englobar todo o sistema solar inferior e implodira, do antigo sol restara apenas um tipo de caroço estelar, muito denso chamado de anã branca, a implosão resultara em uma nebulosa estelar que espalhara pelo universo as moléculas da vida. A morte semeando a vida.
 O período de vida humano é uma fração de segundo no tempo cósmico, ter consciência disso e da mortalidade faz da jornada pela vida uma passagem mais plena, jornada essa em que criamos os deuses e lhes demos o que mais almejamos, a ambrosia, a imortalidade, mas se os deuses estão ate agora entre-nos, mesmo sendo na forma de mitos, mesmo não sendo imortais como os deuses podemos desafiar o tempo como raça humana.

Nada como voar



Existe algo dentro de você que te impeli para o desconhecido, para longe. Você olha para o céu e sente uma sensação que não sabe dizer ao certo o que seja, algo como um maravilhamento e uma voz suave sussurrando no seu ouvido te chamando , é o vento batendo contra o seu rosto, e a infinitude te acalma, ela te desafia, alias é mais que um desafio, é um chamado, um chamado para voar.
As pessoas não compreendem, dizem que é loucura, vão seguindo a receita da vida normal, quem delas poderia dizer o que é a vida afinal? seguem o comum, como se fosse antinatural sonhar, ousar. Loucura é deixar que lhe digam o que vale apena, que um amor é coisa pequena, que um sonho é uma ilusão. E no meio de tudo você nada contra a correnteza.
Eu espero que você não desista, que não se junte a esse bando de loucos, porque você sabe, você sente. Existe algo dentro de você que te impeli para o desconhecido, para longe. Você olha para o céu, a algo maravilhoso lá, você não precisa ver, ouvir, ou tocar para sentir, não é algo físico, é mais que isso. Feche os olhos e deixe o vento bater contra o seu rosto, abra suas asas. Nada como voar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Um suspiro

   Antes de tudo a vida era leve, os sonhos eram doces e sem fim. Uma vez que despertei, nunca mais tive os belos sonhos e, tudo que faço e penso, são apenas atos frios e sem emoção. Mas, sei que sou o único responsável por tal situação em que me encontro, todo esse bom senso insensato de nada me vale, uma vez que descobri que, o verdadeiro viver é o eterno sonhar, a eterna paixão. Peço-lhe que faça uma nova revolução em meu coração e reacenda meus sentimentos, que a muito estão apagados.

sábado, 21 de agosto de 2010

Seguindo juntos

   Sem razão de ser, nem porque vislumbrei em teu olhar, inocente e displicente, um ser livre, que vive a descobrir, pouco a pouco, as belezas e mazelas que há na vida, são tantas coisas, que de repente te vejo pasma perante algo novo, como se não soubesse que, mesmo nunca tendo visto que aquilo, era possível.
   Foi em busca de tais novas, aventuras e devaneios, que quase por acaso te encontrei. Tão simples e doce que em um olhar pude compreender e ter a medida exata da profundidade do seu ser. Estavas tão perdida que não pude deixar de me apegar a ti, afinal todos estamos perdidos, sendo que quando dois náufragos se encontram, algo de belo acontece que é o cooperativismo emocional, a troca justa de afeto.
   Uma vez juntos, passo a passo começamos a criar nossa trilha, seguindo leves e tranquilamente, seguros do que nos aguarda ao fim de todo trajeto. Agora jaz, caminhamos unidos para nossa salva-condenação, porém aliviados, pois não mais estaremos fadados a seguir cada um só este fatídico caminho.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Despertar do Sonho

 
   Um dia ele saiu, sem documento, sem celular, nada que deturpasse aquela paz que ele sentia. Aos poucos ele foi percebendo que havia algo muito estranho com ele, parecia que estava tudo mais leve, quase não sentiu o peso do seu corpo, ao subir uma ladeira de uma rua de pedra. Uma brisa fresca estava a lhe acompanhar, o sol parecia estar totalmente regulado para não incomodá-lo; ao chegar a um bosque recostou-se ao pé de uma bela árvore e quase sem perceber adormeceu, viajando em um sonho, um tanto quanto diferente. 
  No sonho havia uma longa estrada asfaltada que, ao longe se podia observar uma metrópole com espessas nuvens de fumaça, gerada pela combustão de diesel e gasolina dos automóveis, além das fábricas. Ah, sobre automóveis, ao tentar chegar até lá encontrou um congestionamento enorme, trânsito caótico, aos poucos o sonho começou a ter tons de pesadelo; também foi possível observar que havia crianças no meio do trânsito pedindo esmolas e vendendo doces, ele se perguntou: por que não estão na escola ou em um parque se divertindo? Afinal na sua infância era isso que ele costumava fazer. 
  Mas de repente, algo soou aos seus ouvidos, ele despertou olhou para a mesinha de cama já eram 05h00min da manhã, estava na hora de pegar o metrô, para chegar ao trabalho.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Louco

 Ah o louco, ele sim é livre, não se preocupa com a opinião das pessoas; vive como quer, faz o que quer, na hora que quer e quando bem entende. Ele não está nem aí para as coisas que os demais se detêm, como a alta do dólar, ou se será José Serra, o novo presidente do Brasil. Ele pensa muito mais do que o corpo sente, está muito além do que os homens julgam sensato. O louco é livre, ao contrário dos que fazem guerra pela “paz”, ele faz comédia pela mesma, e também para se libertar. Sua arte é a sua própria vida, e é através dela que ele pode escrever e reescrever a cada dia sua obra prima. Como artesão de si mesmo, ele a cada novo traço em sua obra, busca se tornar o máximo livre das falsas paixões, do poder que torna o homem avarento e ambicioso, criando prisões para os seus semelhantes, impondo aos outros suas intenções, tornando as pessoas de mente vulnerável, alienadas. Mas nós, que nos dispomos a andar na contramão do mundo, só queremos ser loucos, ou melhor, livres.

domingo, 8 de agosto de 2010

Inquietudes sobre os vícios e as virtudes.



Serão os vícios e as virtudes, coisas totalmente distintas?
São elas características iguais?
São elas características?
O que ou quem determina sua classificação?
Uma virtude é realmente, uma virtude universal, ou é algo que você julga ser uma qualidade, diferente dos vícios?
Será um vício um defeito ou algo que não lhe agrada?
Pode uma virtude tornar-se um vício, ou o contrário?
Será que tudo isso não passa de opiniões mutáveis?
 Procuro respostas...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vida Inerte


  Antes de tudo, ela é egocêntrica. Costumava ter todos prontos a atender seus desejos, porém, não conseguia isso com recursos “violentos”, como autoritarismo ou imposições, sua forma de escravizar é fria e sem o menor sentimento. Sua aparência dócil e terna, cativa suas vítimas, que são mantidas sob a vigilância dos seus olhos enganadores. Entretanto, a liberdade vem de uma forma ou de outra, mas, com ela ocorre de forma brusca, onde seu prisioneiro já não suporta mais, está esgotado, sua alma pede clemência e encontra o lado negro do amor, o ódio. Seria o lado real de si mesmo? Ou simplesmente um dos lados da moeda?
  O ódio, em suas diversas formas de se apresentar, pode ser ira, ou simplesmente desprezo. Julgo a ira um último grito do que ainda resta do amor, mas o desprezo, esse sim, é articulado, tortura da forma mais fria que se pode imaginar, pois, ele demonstra imparcialidade, ausência de emoção por algo ou alguém. Mas, retornando a moça egoísta, ela experimenta então, esse desprezo, ela sente agora a ausência de impulsos de vida que, ela poderia muito bem ter deixado se expandir, contudo, em sua inércia, pois, creio que dentro de si, não cultivava nada, só solidão, acabou suprimindo todos os sentimentos que á ela eram dedicados. Agora ela não passa de uma pessoa patética, isolada em um mundo sem cor, enquanto tudo poderia ter sido uma obra prima, como um romance, em que os desencontros são apenas meios de se chegar a um final feliz.
  Claro que ela sabe que todo aquele sentimento era puro, mas a sua cegueira era maior, eu diria seu vício, triste vício, afinal, não é virtude alguma ser um mutilador de bons sentimentos. O espírito dele (o sentimento) era como o de um aprendiz, que se esforça por aprender ao máximo os ensinamentos do seu mestre, se submetendo as mais árduas lições. Não sabe ela que o viver não é isso que ela chama de vida, pois, como dizia o poeta, “Por que a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu” (Vinicius de Moraes). Pobre moça, não conhece os sabores da vida, não sabe o que é viver de verdade e agora é um ser inerte.