Antes de tudo, ela é egocêntrica. Costumava ter todos prontos a atender seus desejos, porém, não conseguia isso com recursos “violentos”, como autoritarismo ou imposições, sua forma de escravizar é fria e sem o menor sentimento. Sua aparência dócil e terna, cativa suas vítimas, que são mantidas sob a vigilância dos seus olhos enganadores. Entretanto, a liberdade vem de uma forma ou de outra, mas, com ela ocorre de forma brusca, onde seu prisioneiro já não suporta mais, está esgotado, sua alma pede clemência e encontra o lado negro do amor, o ódio. Seria o lado real de si mesmo? Ou simplesmente um dos lados da moeda?
O ódio, em suas diversas formas de se apresentar, pode ser ira, ou simplesmente desprezo. Julgo a ira um último grito do que ainda resta do amor, mas o desprezo, esse sim, é articulado, tortura da forma mais fria que se pode imaginar, pois, ele demonstra imparcialidade, ausência de emoção por algo ou alguém. Mas, retornando a moça egoísta, ela experimenta então, esse desprezo, ela sente agora a ausência de impulsos de vida que, ela poderia muito bem ter deixado se expandir, contudo, em sua inércia, pois, creio que dentro de si, não cultivava nada, só solidão, acabou suprimindo todos os sentimentos que á ela eram dedicados. Agora ela não passa de uma pessoa patética, isolada em um mundo sem cor, enquanto tudo poderia ter sido uma obra prima, como um romance, em que os desencontros são apenas meios de se chegar a um final feliz.
Claro que ela sabe que todo aquele sentimento era puro, mas a sua cegueira era maior, eu diria seu vício, triste vício, afinal, não é virtude alguma ser um mutilador de bons sentimentos. O espírito dele (o sentimento) era como o de um aprendiz, que se esforça por aprender ao máximo os ensinamentos do seu mestre, se submetendo as mais árduas lições. Não sabe ela que o viver não é isso que ela chama de vida, pois, como dizia o poeta, “Por que a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu” (Vinicius de Moraes). Pobre moça, não conhece os sabores da vida, não sabe o que é viver de verdade e agora é um ser inerte.
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